Uma das premissas dos ensinamentos do Mestre Mikao Usui reside na amorosidade empregada na aplicação do Reiki. A iniciação do Reiki I traz anteriormente, e após a descoberta dessa energia universal uma transformação do iniciado. Logo abaixo um relato de uma reikiana manifestado diretamente da sua essência, do seu coração:
Minha trajetória sempre foi pautada pela busca espiritual, não por eu ser boazinha ou me achar melhor que ninguém, mas, sim, por uma necessidade de alma, espírito, seja lá o nome que se denomina esse buscador que existe dentro nós. Para uns, adormecido; para outros, latente, quase ensurdecedor. Penso que quanto mais a alma precisa evoluir, maior é o barulho que a alma faz para que nos acordemos do torpor e façamos algo por nós. Sim, porque penso que quando praticamos o voluntariado, mais nos ajudamos. O compartilhar é muito intenso.
Então, durante muitos anos em que a vida financeira era melhor e me possibilitava pagar, participei de vários cursos, dentre eles um de iniciação ao Reiki. Mas sempre me questionava sobre os valores cobrados, e me perguntava... ”e se alguém tem o dom da cura e serve de canal para essa energia, se não tem dinheiro para ser iniciado, fica com a trajetória interrompida? E quem receberia essa energia ficaria sem receber? Questionamentos que me causavam um certo desconforto. Logo após, fiz a iniciação no Reiki II. Não sei se é possível considerar que fui iniciada pois foi uma conversa de duas ou três horas, e os símbolos me foram passados. Não queria ser tão cruel, mas diria que em duas ou três horas os símbolos do Reiki II me foram vendidos. E minha alma não ficou satisfeita com isso. Era como se nada tivesse acontecido.
Depois, os tempos mais abundantes financeiramente foram passando, a situação de emprego, com a idade, mais difícil. Numa tarde de inverno, por essas afinidades e sincronicidades do destino, quando fazia trabalho voluntário na Defensoria Pública, conheci um querido estagiário de Direito, em quem se percebia de longe a bondade da alma. Começamos a conversar e o assunto do Reiki veio à tona. Falei das minhas frustrações, do meu não entendimento dessas cobranças que se vê por aí. Sei que as pessoas devem pagar pelo que recebem, mas não vejo o porquê de ser tão caro. Foi quando ele me falou de um amigo que gostaria de formar um grupo, tendo em contrapartida um certo comprometimento com alguma coisa. De imediato, eu disse: ‘Eu quero!’ Passou-me o contato e por muito tempo eu esperei. Sim, o tempo não passa quando a alma pede urgência.
Passado o tempo necessário, o grupo se formou. O que me chamou a atenção foram os ensinamentos que vieram. Realmente, nosso mestre, Sérgio, estava preparando um grupo que sabia o que estava fazendo. Ao menos nos foi indicado biografias, explicações sobre energias, coisas essas importantes e que no entanto nunca me foram ensinadas. O que as pessoas tentavam demonstrar era o seu conhecimento de causa, o seu ego. Enquanto, para nós, foram-nos dadas as ferramentas para que chegássemos um pouquinho perto do conhecimento do nosso mestre. Ao menos saberíamos o que estávamos fazendo. O comprometimento com o atendimento às pessoas que receberiam o Reiki por nós se tornava sagrada a partir daqueles estudos.
Penso que aplicar voluntariamente o Reiki passa pela consideração com o trabalho de quem se dispôs a nos iniciar, a mostrar o caminho. Este é, no meu entendimento, o primeiro ato de voluntariado.
A partir do momento da iniciação, foi-nos feito o convite para aplicarmos o Reiki na pequena Casa da Criança. Ah! Quanta responsabilidade! Será que as pessoas irão se sentir bem? Estarei correspondendo às expectativas? Tantas perguntas, tanta vontade de que tudo saísse certo. Depois da primeira aplicação, entreguei-me nas mãos Daquele que tudo nos dá, e confiei com toda a força do meu coração. Tirei o comando do cérebro e passei para o controle do coração, pois entendo que é lá, no coração, que nossa alma está aprisionada. É de lá que sai toda a sabedoria, amor e entrega em qualquer circunstância de nossa vida. Então, as primeiras experiências em aplicar o Reiki foram de uma profundidade e entrega que (acho) a maior beneficiada, neste momento, fui eu, tamanha a minha felicidade em estar ali, fazendo a diferença para alguma pessoa.
É certo que encontrei uma resistência velada de algumas pessoas trabalhadoras, mas o bem-estar é tão maior que isso, a felicidade e a certeza do coração de estar fazendo a coisa certa é tão mais acolhedora, que essas coisas se tornam muito pequena.
Tenho sempre meu ritual antes de participar de uma aplicação de Reiki: a alimentação é super leve, sem álcool, o mais natural possível. Acho que devo este respeito à pessoa que está recebendo e, principalmente, à Energia que nos alimenta e nos torna transmissores de amor e cura.
Sei que o caminho da disciplina não é o mais fácil, e reconheço este grande defeito em mim. Sou disciplinada para os outros. Quando se trata da minha evolução, sempre acho que posso deixar para mais tarde. Peço a Deus que me dê forças, coragem e muita disciplina para continuar fazendo parte deste grupo de voluntários que emana o amor através de suas mãos.
Vânia Darlene Martins Soares
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