Terapias alternativas têm sido cada vez mais
utilizadas por pacientes para complementar tratamentos convencionais
e até prevenir doenças. Entre as técnicas mais utilizadas estão o reiki e a
acupuntura. Especialistas aconselham a interação entre as modalidades
terapêuticas, mas salientam que o acompanhamento médico tradicional jamais deve
ser abandonado.
Segundo Rosa Campanella, proprietária de uma
clínica na Vila Bastos, em Santo André, a procura por esse tipo de recurso teve
alta de 40% nos últimos três anos. Por mês, cerca de 400 pessoas passam por
atendimento de reiki. Para os demais tratamentos, a demanda mensal gira em
torno de 200 pessoas. “A maioria dos pacientes que nos procuram sofre
com estresse e outras questões ligadas ao descontrole emocional”, comenta.
O médico Ricardo Monezi, pesquisador do
Núcleo de Medicina e Práticas Integrativas da Unifesp (Universidade Federal de
São Paulo), explica que a principal característica desse segmento da medicina é
classificar o ser humano como “multidisciplinar”. “Não adianta tratar só da
dimensão biológica. É preciso tratar questões psicológicas, sociais e até de
espiritualidade.” O especialista esclarece que espiritualidade não tem ligação
com a religião espírita. “Trata-se do conjunto de crenças que a pessoa tem, da fé
em geral.”
Ao longo da última década, a nomenclatura dada a
esse segmento da ciência foi alterada, passando de alternativa a complementar.
Hoje, recebe o nome de medicina integrativa. “A palavra alternativa, em
português, dá significado de exclusão. Não queremos que essas terapias excluam
os tratamentos convencionais. Pelo contrário, queremos que haja um
complemento.”
O reiki consiste na utilização das mãos para
transmitir energia ao receptor, de modo a buscar o equilíbrio energético.
Segundo Monezi, há quatro hipóteses para justificar a cura por meio
dessa terapia. “A primeira é a relação do toque como promotor de reações
fisiológicas que desencadeiam processos de saúde. Outro fator é a transmissão
de energia, que poderia desenvolver a melhora.” O professor também aponta a
relação interpessoal e a sensação de relaxamento fisiológico e psíquico como
agentes responsáveis pela melhora dos pacientes.
Em 2006, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância
Sanitária) publicou portaria que aprova a Política Nacional de Práticas
Integrativas e Complementares no SUS (Sistema Único de Saúde). O texto
recomenda às secretarias estaduais e municipais de Saúde que utilizem esse tipo
de terapias na rede pública. Diversos hospitais particulares também já utilizam
o reiki e a acupuntura nos pacientes internados. Caso do Sírio-Libanês e do
Albert Einstein, ambos na Capital. O documento também cita a homeopatia e a
fitoterapia como recursos a serem aplicados.
PREVENÇÃO
Além da indicação das terapias integrativas como
meio corretivo, esse tipo de tratamento também é recomendado como forma de
prevenção. A professora Celene Armelini, 32 anos, é uma das que procurou o
reiki sem apresentar qualquer sintoma de doenças. “Melhora a qualidade de vida
e diminui a ansiedade. Me sinto mais calma e equilibrada depois que passo pela
sessão”, reconhece. Ela frequenta a clínica há seis meses. Na primeira, foi
indicada por uma terapeuta. “Estou evitando problemas futuros”, finaliza.
Pacientes
destacam calma proporcionada
A aplicação do reiki é vista como positiva por
pacientes que sofrem de transtornos psicológicos, como depressão e síndrome do
pânico. A técnica é vista como auxiliar ao tratamento convencional.
A terapeuta Márcia Villani, 60 anos, entrou em
quadro depressivo no fim do ano passado, após ser diagnosticada com câncer de
mama. Em seguida, surgiu o pânico. “Faço reiki desde novembro. Isso me trouxe
lucidez sobre diversos aspectos”, garante. Agora, ela afirma que já consegue
realizar coisas que não fazia durante as crises, como dirigir e sair de casa
sozinha. Apesar da melhora, Márcia diz que não interrompeu a medicação
prescrita pelo médico psiquiatra.
Mesma situação relata a professora aposentada
Sandra Aparecida Vernucci, 58. “Me sinto mais forte, com menos sensação de
agonia”, revela. Ela passa pelo tratamento há dois meses.
A psicanalista Rosa Campanella, proprietária de uma
clínica em Santo André, salienta que, nos quadros de depressão e pânico, os
pacientes também são submetidos a acompanhamento psicológico. “Em todos esses
casos, sempre recomendamos que o tratamento médico deve ser continuado e que a
medicação não deve ser abandonada sem orientação do profissional”, adverte.
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