Reiki
é apontado por pesquisa como técnica que traz vantagens reais à saúde, além do
efeito psicológico
por Theo Ruprech |
design: Pilker | ilustrações: Samuel Rodrigues
A evolução da tecnologia e o recente despertar
da comunidade científica para um conceito mais abrangente de saúde — a meta é
viver bem, e não somente debelar males — fizeram o reiki ganhar a atenção dos
pesquisadores. Na americana Universidade de Virginia, por exemplo, uma revisão
sobre sua influência na contenção da dor em pacientes com câncer ressaltou os
resultados positivos. “São necessários levantamentos adicionais para confirmar
os achados, mas a princípio o reiki foi bastante eficiente na redução do
incômodo”, concluíram os autores.
Mas será que ele ajudaria a combater o tumor em
si? Segundo um trabalho do psicobiólogo Ricardo Monezi, da Universidade Federal
de São Paulo, provavelmente sim. Ele aplicou o reiki em ratos e, na sequência,
analisou suas células de defesa. “Em comparação com o grupo de controle, esses
animais apresentaram um sistema imune mais agressivo contra a enfermidade. E
nem precisamos falar que bichos não acreditam em reiki”, ironiza. Verdade que o
nosso organismo não é idêntico ao de roedores, contudo está aí um indicativo do
poder da imposição de mãos.
O simples fato de crer que determinado procedimento
acarretará uma melhora na saúde já leva o corpo a ter reações positivas. Por
isso mesmo, em estudos sobre reiki com seres humanos, o desafio é justamente
diferenciar o chamado efeito placebo de resultados eais. Em outras palavras,
verificar se a prática incrementa a saúde por si só ou se um achado favorável é
fruto apenas da força da imaginação.
Com isso na cabeça, Ricardo Monezi decidiu
testar o verdadeiro potencial da técnica no alívio da tensão. Ele separou vinte
e cinco idosos estressados para serem cuidados por terapeutas especializados em
reiki. Outros vinte e cinco senhores na mesma situação receberiam, digamos, uma
terapia falsa — os aplicadores simulavam os gestos e as posições das mãos, mas
não haviam sido treinados e nem conheciam direito o reiki. Detalhe: nenhum dos
participantes sabia da diferença entre os grupos. “Essa precaução evita que o
placebo interfira nos dados encontrados, já que ambas as turmas imaginam estar
recebendo reiki, quando somente uma está recebendo para valer”, arremata
Monezi.
Depois de oito sessões, Monezi analisou as
estatísticas. Parece incrível, mas, embora todos os voluntários tenham
relaxado, aqueles tratados por mestres de reiki relataram uma tranquilidade
maior e duradoura. Além disso, os músculos da testa desse pessoal ficaram menos
rígidos, outro sinal de que o nervosismo foi aplacado. Aliás, apesar de a
avaliação ter sido realizada em indivíduos na terceira idade, é provável que
jovens apresentem resultados similares.
Apoiados em uma metodologia parecida com essa,
investigadores da Universidade de Granada, na Espanha, notaram que sujeitos
hipertensos atenuaram o quadro com sessões regulares de reiki. “Também há
trabalhos com diabete, epilepsia, depressão…”, conta Monezi. “É óbvio que
precisamos de mais informações, porém, ao que tudo indica, a técnica provoca
bem-estar em vários níveis”, defende. A médica Sandra Caires Serrano, diretora
do Serviço de Cuidados Paliativos do Hospital A.C. Camargo, na capital
paulista, completa: “O que ainda não se conhece é a forma como isso ocorre”.
Certas teorias mencionam uma energia
eletromagnética que seria canalizada pelos terapeutas. Outras sugerem que a
física quântica estaria envolvida nesse fenômeno. Independentemente disso, o
fato é que alguns pontos-chave do corpo, onde os cuidadores devem colocar as
mãos durante uma sessão de reiki — os chacras —, coincidem com importantes
glândulas. E talvez, só talvez, a energia atue nesses órgãos, ocasionando um
equilíbrio geral.
Alternativa ou integrativa?
O sucesso do reiki não justifica, sob nenhuma
hipótese, seu uso no lugar da medicina tradicional. “O ideal é integrá-lo com
abordagens convencionais”, reforça Plínio Cutait, coordenador do Núcleo de
Cuidados Integrativos do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo. Caso contrário,
você corre o risco de não receber o tratamento adequado para um problema e,
então, complicar-se sem necessidade. E isso, parece claro para todos, também
está comprovado pela ciência.
Energia e religião
Usar as mãos para emitir energia positiva não é
um conceito exclusivo do reiki, que é uma terapia. A bênção cristã, o passe
espírita e o johrei, entre outros rituais religiosos, também se valem desse
preceito, apesar de terem filosofias bem diferentes. Há até quem especule que
os milagres de Jesus seriam resultado de uma habilidade única de controlar a
energia do Universo. Mas, entre tantas práticas com esse princípio, o reiki é
uma das mais estudadas pela ciência.
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