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terça-feira, 8 de outubro de 2013

REIKI NAS MÃOS DA CIÊNCIA



Reiki é apontado por pesquisa como técnica que traz vantagens reais à saúde, além do efeito psicológico

Reiki é apontado por pesquisa como técnica que traz vantagens reais à saúde, além do efeito psicológico.
A evolução da tecnologia e o recente despertar da comunidade científica para um conceito mais abrangente de saúde — a meta é viver bem, e não somente debelar males — fizeram o reiki ganhar a atenção dos pesquisadores. Na americana Universidade de Virginia, por exemplo, uma revisão sobre sua influência na contenção da dor em pacientes com câncer ressaltou os resultados positivos. “São necessários levantamentos adicionais para confirmar os achados, mas a princípio o reiki foi bastante eficiente na redução do incomodo”, concluíram os autores.
Mas será que ele ajudaria a combater o tumor em si? Segundo um trabalho do psicobiólogo Ricardo Monezi, da Universidade Federal de São Paulo, provavelmente sim. Ele aplicou o reiki em ratos e, na sequência, analisou suas células de defesa. “Em comparação com o grupo de controle, esses animais apresentaram um sistema imune mais agressivo contra a enfermidade. E nem precisamos falar que bichos não acreditam em reiki”, ironiza. Verdade que o nosso organismo não é idêntico ao de roedores, contudo está aí um indicativo do poder da imposição de mãos.
O simples fato de crer que determinado procedimento acarretará uma melhora na saúde já leva o corpo a ter reações positivas. Por isso mesmo, em estudos sobre reiki com seres humanos, o desafio é justamente diferenciar o chamado efeito placebo de resultados reais. Em outras palavras, verificar se a prática incrementa a saúde por si só ou se um achado favorável é fruto apenas da força da imaginação.
Com isso na cabeça, Ricardo Monezi decidiu testar o verdadeiro potencial da técnica no alívio da tensão. Ele separou vinte e cinco idosos estressados para serem cuidados por terapeutas especializados em reiki. Outros vinte e cinco senhores na mesma situação receberiam, digamos, uma terapia falsa — os aplicadores simulavam os gestos e as posições das mãos, mas não haviam sido treinados e nem conheciam direito o reiki. Detalhe: nenhum dos participantes sabia da diferença entre os grupos. “Essa precaução evita que o placebo interfira nos dados encontrados, já que ambas as turmas imaginam estar recebendo reiki, quando somente uma está recebendo para valer”, arremata Monezi.
Depois de oito sessões, Monezi analisou as estatísticas. Parece incrível, mas, embora todos os voluntários tenham relaxado, aqueles tratados por mestres de reiki relataram uma tranquilidade maior e duradoura. Além disso, os músculos da testa desse pessoal ficaram menos rígidos, outro sinal de que o nervosismo foi aplacado. Aliás, apesar de a avaliação ter sido realizada em indivíduos na terceira idade, é provável que jovens apresentem resultados similares.
Apoiados em uma metodologia parecida com essa, investigadores da Universidade de Granada, na Espanha, notaram que sujeitos hipertensos atenuaram o quadro com sessões regulares de reiki. “Também há trabalhos com diabete, epilepsia, depressão…”, conta Monezi. “É óbvio que precisamos de mais informações, porém, ao que tudo indica, a técnica provoca bem-estar em vários níveis”, defende. A médica Sandra Caires Serrano, diretora do Serviço de Cuidados Paliativos do Hospital A.C. Camargo, na capital paulista, completa: “O que ainda não se conhece é a forma como isso ocorre”.
Certas teorias mencionam uma energia eletromagnética que seria canalizada pelos terapeutas. Outras sugerem que a física quântica estaria envolvida nesse fenômeno. Independentemente disso, o fato é que alguns pontos-chave do corpo, onde os cuidadores devem colocar as mãos durante uma sessão de reiki — os chacras —, coincidem com importantes glândulas. E talvez, só talvez, a energia atue nesses órgãos, ocasionando um equilíbrio geral.
ALTERNATIVA OU INTEGRATIVA?
O sucesso do reiki não justifica, sob nenhuma hipótese, seu uso no lugar da medicina tradicional. “O ideal é integrá-lo com abordagens convencionais”, reforça Plínio Cutait, coordenador do Núcleo de Cuidados Integrativos do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo. Caso contrário, você corre o risco de não receber o tratamento adequado para um problema e, então, complicar-se sem necessidade. E isso, parece claro para todos, também está comprovado pela ciência.


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