OS
14 TREINAMENTOS DA PLENA CONSCIÊNCIA E DA ORDEM DE “INTERSER”, DO MONGE ZEN
THICH NHAT HANH
É um compêndio de intenções
e determinações para a vida: os 14
treinamentos e preceitos listados abaixo
contém visões de auto-conhecimento e de entendimento em relação a si mesmo e às
outras pessoas criado por um dos mestres zen-budistas vivos mais populares de
nossa época. É impressionante a capacidade de transmissão do monge
vietnamita Thich Nhat Hanh (“O
Coração da Compreensão”, “Velho Caminho, Nuvens Brancas: Seguindo as Pegadas do
Buda”), um mestre que ensina e inspira com uma simplicidade incrível.
Durante a tradução, já no terceiro preceito, senti uma imensa paz, um impulso
de parar, me encostar na cadeira e soltar tudo. Leia e veja por você mesmo como
esses 14 treinamentos conscientes lhe falam.
A tradução abaixo foi feita
por este blog baseado num post revisado em inglês do blog Luz de
Atención Constante, que por sua vez publicou
a partir da Plum Village Online Monastery, o
centro zen mais conhecido de Thich Nhat Hanh nos Estados Unidos. Segundo o
post, essa transmissão foi feita pelo próprio Thay (como é conhecido carinhosamente Thich
Nhat Hanh) em fevereiro de 2012na Cerimônia da Grande
Ordenação. Há outras versões e traduções, e a em português mais conhecida foi
realizada a partir do que o centro de meditação Zen espanhol Jikô-An, em
Granada (Espanha), divulgou e que pode ser visto em sites como O Calango Abstrato.
Seguem os 14 Treinamentos
da Plena Consciência e da Ordem do Interser, por Thich Nhat Hanh.
As 14 práticas da plena consciência, são um guia para a autoconsciência, autoconhecimento da pessoa, segundo Thich Nhat Hanh. É um guia de boas práticas para connosco e para com os outros.
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O
Primeiro Treinamento Consciente: Abertura
Conscientes do sofrimento
criado pelo fanatismo e intolerância, nós nos determinamos a não idolatrarmos
ou nos apegarmos a nenhum doutrina, teoria ou ideologia, nem mesmo as budistas.
Somos comprometidos a ver os ensinamentos Budistas como meios de guia que nos
ajudam a aprender a olhar profundamente e a desenvolver compreensão e
compaixão. Não há doutrinas para combater, matar ou morrer por. Entendemos que
o fanatismo em suas várias formas é o resultado das coisas percebidas em uma
maneira dualística e discriminativa. Nós treinamos a nós mesmos para olhar para
tudo com abertura e a percepção do interser para transformar o dogmatismo e a
violência em nós mesmos e no mundo.
Não idolatrar nenhuma doutrina,
teoria, seja ela qual for, incluindo o Budismo. Os sistemas de pensamento
budistas devem ser considerados como guias para a prática e não como a verdade
absoluta.
A prática relacionada com o
Reiki
É meu lema ter Mente Limpa e
Coração Predisposto para a prática de Reiki. Estar aqui e agora, predisposto ao
fluir e à vivência. Ao termos presente o quinto princípio – Só por hoje, sou
bondoso – praticamos a abertura. A aceitação de quem somos, de quem é o outro.
De que não conseguimos mudar o mundo mas que nos conseguimos mudar a nós
próprios. Não nos podemos condicionar em fronteiras nem limitar pelas nossas
crenças. Um espírito aberto e vasto, crítico e flexível, ajuda-nos a criar um
ecosistema cada vez mais vivo e colaborativo. Como o poema 2 “Céu”, do Imperador Meiji:
Azul
claro e sem nuvens
O
grande céu
Também
eu gostaria
De
ter um espírito assim
O
Segundo Treinamento Consciente: Desapego a Opiniões
Conscientes do sofrimento
criado pelo apego a opiniões e percepções erradas, nós nos determinamos a
evitar sermos limitados mentalmente e apegados a opiniões. Somos comprometidos
a aprender e a praticar o desapego das visões e sermos abertos para as
percepções e as experiências dos outros para que possamos nos beneficiar da
sabedoria coletiva. A percepção é revelada através da prática de ouvir
compassionalmente, olhar profundamente e nos soltarmos das noções ao invés de
acumular conhecimento intelectual. Temos ciência que o conhecimento que temos
neste momento não é imutável nem a verdade absoluta. A verdade é encontrada na
vida, e nós observaremos a vida dentro de nós e ao nosso redor em cada momento,
prontos a aprender através de nossas vidas.
Não pensar que se possui um saber imutável ou a verdade absoluta.
Há que evitar a estreiteza da mente e o apego aos pontos de vista pessoais.
Aprender a praticar a via do não apego de maneira a permanecer aberto aos
pontos de vista dos outros. A verdade só pode ser encontrada na vida e não nos
conceitos. Há que estar disponível para continuar a aprender ao longo de toda a
vida e a observar a vida em si mesmo e no mundo.
A prática relacionada com o
Reiki
Ser praticante de Reiki, Mestre de Reiki, requer uma grande dose
de humildade. A primeira necessidade desta humildade está na acção – não somos
nós que curamos, apenas somos veículos por onde flui o Reiki. A segunda está na
aprendizagem – Nunca devemos parar de aprender e de olhar para o Reiki com
olhos de criança e aprendiz. Alguém dizer que já sabe tudo sobre Reiki é
assumir que parou no tempo e já pouco tem para dar quando o tempo muda. A
terceira acção está no colocarmo-nos ao mesmo nível que todos – Ninguém é
melhor que ninguém, ninguém está acima ou abaixo de ninguém. Todos Somos. Se em
nós se despertar a compaixão, esta é uma verdade que se sente. Se preferirmos
ouvir o Ego, então o ciclo de satisfação/insatisfação estará sempre presente. A
este treino consciente, podemos associar o quarto princípio de Reiki – Só por
hoje, trabalho honestamente. A honestidade leva-nos a compreender como somos Um
feito de Todos. Assim, em plena consciência, vamos praticando o desapego a
opiniões. Às dos outros e às nossas próprias.
O
Terceiro Treinamento Consciente: Liberdade de Pensamento
Cientes do sofrimento
trazido quando nós impomos nossa visão aos outros, estamos determinados a não
forçar os outros, mesmo nossos filhos, seja por que maneira for — como
autoridade, ameaça, dinheiro, propaganda ou doutrinamento — a adotar nossas
visões. Estamos comprometidos a respeita o direito dos outros de serem
diferentes, a escolherem o que acreditar e como decidir. Nos vamos aprender,
entretanto, a aprender a ajudar os outros a se desapegarem e transformar a
visão limitada através de um discurso amoroso e um diálogo compassivo.
Não forçar os outros, incluindo as crianças, a adoptar os
nossos pontos de vista seja por que meios forem: autoridade, ameaça, dinheiro,
propaganda ou educação. Respeitar as diferenças entre os seres humanos e a
liberdade de opinião de cada qual. Saber, no entanto, utilizar o diálogo para
ajudar a renunciar ao fanatismo e à estreiteza do espírito.
A prática relacionada com o
Reiki
Na filosofia de vida do Reiki, os Gokai deixados pelo Mestre
Usui, temos o quinto princípio – Só por hoje, sou bondoso. A bondade, o bem que
cresce no coração, a fonte do amor incondicional, eleva-nos, transcende-nos
além da posse e do apego. Também consideramos os pensamentos, os direitos, os
outros como nossos, quando no fundo, nada possuímos. Na prática de Reiki,
descobrimo-nos e encontramos a importância do respeito e da liberdade, alojados
no chakra esplénico. Eu sou livre, o outro é livre. Se considero o outro como
posse, também eu não sou livre. Liberdade é algo de interior e único em nós,
partilhado através da bondade. Como diz o imperador Meiji no seu poema “O
espírito”.
Seja
o que for que aconteça
Em
qualquer situação
É
meu desejo
Que
o meu espírito se mantenha
Sem
fronteiras
O
Quarto Treinamento Consciente: Ciência do Sofrimento
Cientes que olhando
profundamente para nosso próprio sofrimento pode nos ajudar a cultivar
entendimento e compaixão, estamos determinados a voltar para nossa própria
casa, a reconhecer, aceitar, abraçar e ouvir nosso próprio sofrimento com a
energia da atenção. Faremos nosso melhor para não fugir de nosso próprio
sofrimento ou encobri-lo através do consumo e sim praticar a respiração e a
caminhada consciente para olhar profundamente nas raízes do nosso sofrimento.
Sabemos que só podemos encontrar o caminho para a transformação do sofrimento
quando entendemos as raízes de sofrimento. Assim que entendermos as raízes do
nosso próprio sofrimento, seremos capazes de entender o sofrimento dos outros.
Estamos comprometidos a encontrar maneiras, incluindo contato pessoal ou usando
telefone, meios eletrônicos, audiovisuais e outros para estarmos com aqueles
que sofrem, para que possamos ajudá-los a transformar seus sofrimentos em
compaixão, paz e alegria.
Não evitar o contacto com o sofrimento nem fechar os olhos diante
dele. Não perder a plena consciência sobre a existência do sofrimento no mundo.
Encontrar meios de aproximação para com os que sofrem, seja mediante contactos
pessoais, visitas, imagens, sons. Despertar e despertar os outros para a
realidade do sofrimento no mundo.
A prática relacionada com o Reiki
A auto-consciência é um processo que é desenvolvido com a
prática da meditação Gassho. Fechar os olhos, estar no aqui e agora, ligar à
fonte e deixar fluir a energia. Ter atenção aos locais e emoções em
desequilíbrio é entrar em contacto com a nossa consciência do nosso próprio
sofrimento. Através da prática do auto-tratamento, equilibramos as insuficiências e os
excessos, através dos cinco princípios, equilibramos o nosso Ser, elevando a
consciência. Só por hoje, trabalho honestamente, permite ser verdadeiro
connosco, se ciente do sofrimento e com calma, confiança, gratidão e bondade, procurar
e levar a cura.
O
Quinto Treinamento Consciente: Viver com Saúde e Compaixão
Cientes que a felicidade
está enraizada na paz, solidez, liberdade e compaixão, estamos determinados a
não acumular patrimônio enquanto milhões estão com some ou morrendo nem colocar
como objective de nossas visas a fama, o lucre, o patrimônio ou o prazer sensual,
que pode trazer muito sofrimento e desespero. Praticaremos o olhar profundo no
modo como nutrias nosso corpo e nossa mente com comidas saudáveis, impressões
de sentidos, vontade e consciência. Estamos comprometidos a não apostar ou usar
álcool, drogas ou quaisquer outros produtos que tragam toxinas para o nosso
corpo ou para o corpo coletivo e a consciência tais como certos sites, jogos
eletrônicos, programas de TV, filmes, revistas, livros e conversas. Vamos
consumir de um modo que preserve a compaixão, a paz, a alegria, o bem estar em
nossos corpos e consciências e nos corpos de consciências de nossas famílias,
nossa sociedade e a Terra.
O
Sexto Treinamento Consciente: Cuidando da Raiva
Cientes que a raiva
bloqueia a comunicação e cria sofrimento; estamos comprometidos e cuidar de
nossa energia da raiva quango ela aparece, a reconhecer e a transformar as
sementes da raiva que jazem profundamente em nossas consciências. QUando a
raiva se manifesta, estamos determinados a não fazer ou dizer nada, mas praticar
a respiração consciente ou a caminhada consciente para reconhecer, abraçar e
olhar profundamente para nossa raiva. Sabemos que as raízes da raiva não estão
fora de nós mesmos mas que podem ser encontradas em nossas percepcões erradas e
falta de entendimento do sofrimento em nós mesmos e na outra pessoa. Ao
contemplar a impermanência, seremos capazes de olhar com os olhos da compaixão
para nós mesmos e aqueles que pensamos serem as causas da nossa raiva, e
reconhecer a preciosidade de nossos relacionamentos. Praticaremos a Correta
Diligência para nutrir nossa capacidade de entendimento, amor, alegria e
inclusão, gradualmente transformando nossa raiva, violência, medo e ajudando os
outros a fazer o mesmo.
Lembrando de um dos princípios do REIKI só por hoje não sinto
raiva!
O
Sétimo Treinamento Consciente: Vivendo Felizes no Momento Presente
Cientes que a vida está
disponível apenas no momento presente, estamos comprometidos a treinar a nós
mesmos para viver profundamente cada momento da vida diária. Tentarmos não nos
perder na dispersão ou ser carregados por arrependimentos do passado,
preocupações sobre o futuro, vicios, raiva ou inveja no presente. Praticaremos
a respiração consciente para estarmos conscientes do que está acontecendo aqui
e agora. Estamos determinados a aprender a arte da vida consciente tocando
elementos novos, curativos e maravilhosos que estão dentro de nós e ao nosso
redor, em todas as situações. Assim, seremos capazes de cultivar as sementes da
alegria, da paz, do amor, e do entendimento em nós mesmos, facilitando assim o
trabalho de transformação e cura da nossa consciência. Estamos cientes que a
felicidade depende primariamente da nossa atitude mental e não de condições
externas, e que podemos viver felizes no momento presente simplesmente
lembrando que nós já temos mais do que as condições suficientes para sermos
felizes.
O
Oitavo Treinamento Consciente: Comunidade & Comunicação Verdadeira
Cientes que a falta de
comunicação sempre traz separação e sofrimento, estamos comprometidos em
treinar a nós mesmos na prática de ouvir compassivamente e de falar
amorosamente. Sabendo que a comunidade verdadeira está fundamentada na inclusão
e na prática concreta da harmonia de opiniões, pensamento e fala, praticaremos
o compartilhamento do nosso entendimento e experiências com os integrantes da
nossa comunidade para chegarmos a uma conclusão coletiva. Estamos determinados
a aprender a ouvir profundamente sem julgar ou reagir, e a reter nossas palavas
que podem criar discórdia ou causar a quebra da comunidade. Quando as
dificuldades surgirem, vamos nos manter em nossa Sangha e praticar o olhar
profundo em nós mesmos e nos outro para reconhecermos todas as causas e
condições, incluindo nossas próprias energias do hábito, que trouxeram as
dificuldades. Assumiremos a responsabilidade por todas as maneiras que podemos
ter contribuido para o conflito e mantermeos a comunicação aberta. Não nos
comportaremos como vítimas mas seremos ativo na busca de maneiras para
reconciliar e resolver todos os conflitos, mesmos os pequenos.
Lembrando outro princípio do REIKI só por hoje sou honesto!
O
Nono Treinamento Consciente: Fala Verdadeira e Amorosa
Cientes que as palavras
pode criar felicidade ou sofrimento, estamos comprometidos a aprender a falar
sinceramente, amorosamente e construtivamente. Usaremos apenas palavras que
inspirem alegria, confiança e esperança assim como promovam reconciliação e paz
em nós mesmos e entre as pessoas. Falaremos e escutaremos de uma maneira que
possamos nos ajudar e ajudar os outros a transformar o sofrimento e ver uma
maneira de sair de situações difíceis. Estamos determinados e não dizer
inverdades por interesse pessoal ou para impressionar as pessoas, nem proferir
palavras que possam causar divisão ou ódio. Protegeremos a alegria e a harmonia
de nossa Sangha contendo a fala sobre defeitos de outras pessoas em suas
ausências e sempre perguntado a nós mesmos se nossas percepções estão corretas.
Falaremos apenas com a intenção de entender e ajudar a transformar a situação.
Não repassaremos rumores nem criticaremos ou condenaremos coisas que não temos
certeza. Daremos nosso melhor para denunciar situações de injustiça, mesmo em
situações em que isso possa nos trazer dificuldades ou ameaçar nossa segurança.
O
Décimo Mandamento do Treinamento Consciente: Protegendo e Nutrindo a Sangha
Ciente que a essência e o
objetivo de uma Sangha é a prática do entendimento e da compaixão, estamos
determinados a não usar a comunidade Budista para o poder ou lucro pessoal ou
para transformar nossa comunidade em um instrumento político. Entretanto, como
membros de uma comunidade espiritual, devemos nos posicionar claramente contra
a opressão e a injustiça. Devemos nos esforçar para mudar a situação, sem tomar
lados em um conflito. Estamos comprometidos em outros com os olhos do
“interser” e aprender a ver a nós mesmos e os outros como células de um corpo
de Sangha. Como uma verdadeira célula num corpo de Sangha, gerando consciência,
concentração e percepção para nutrir a nós mesmos e à comunidade inteira, cada
um de nós é ao mesmo tempo uma célula no corpo do Buddha. Promoveremos
ativamente a fraternidade, fluída como um rio, e praticaremos o desenvolvimento
de três forças reais – amor, compreensão e a emancipação das aflições – para
criar o acordar comunitário.
O Décimo Primeiro Treinamento Consciente: Vida Correta
Ciente que grandes
violências e injutiças foram feitas ao nosso meio-ambiente e sociedade, estamos
comprometidos a não viver com uma vocação que é prejudicial aos humanos ou à
natureza. Daremos nosso melhor para escolher um estilo de vida que contribua
para o bem-estar de todas as espécies na Terra e ajude a realizar nosso ideal
de compreensão e compaixão. Ciente das realidades econômicas, políticas e
sociais ao redor do mundo, assim como de nossas interrelações com o
ecossistema, estamos determinados a nos comportar responsavelmente como
consumidores e cidadãos. Não investiremos nem compraremos de empresas que
contribuem para o esgotamento dos nossos recursos naturais, que prejudica a
Terra ou que prive os outros de uma chance de viver.
O Décimo Segundo Treinamento Consciente: Reverência pela Vida
Ciente que muito sofrimento
é causado pela guerra e conflito, estamos determinados a cultivar a
não-violência, a compaixão e a percepção do interser em nossas vidas diárias, e
a promover a paz, a educação, a meditação consciente, e reconciliação com
nossos famílias, comunidades, grupos étnicos e religiosos, nações e o mundo.
Estamos comprometidos a não matar e a não deixar matar outros. Não apoiaremos
nenhum ato de matança no mundo, em nosso pensamento ou em nosso modo de vida.
Praticaremos diligentemente o olhar profundo para nossa Sangha para descobrir
melhores maneiras de proteger a vida, prevenir a guerra e construir a paz.
O Décimo Terceiro Treinamento Consciente: Generosidade
Ciente do sofrimento
causado pela exploração, injustiça social, roubo e opressão, estamos
comprometidos a cultivar a generosidade em nossa maneira de pensar, falar e
agir. Aprenderemos melhores maneiras de trabalhar para o bem-estar das pessoas,
animais, plantas e minerais e praticar a generosidade compartilhando nosso
tempo, energia e recursos materiais com aqueles que necessitam. Estamos
determinados a não roubar e não possuir nada que deveria pertencer a outros.
Respeitaremos a propriedade dos outros, mas tentaremos prevenir os outros de
lucrar com o sofrimento humano e com o sofrimento de outros seres.
O Décimo Quarto Treinamento Consciente: Conduta Correta
Ciente que o desejo sexual
não é amor e que relações sexuais motivadas por desejo não podem dissipar o
sentimento de solid’ão mas criam mais sofrimento, frustração e isolamento,
estamos determinados a não nos empenharmos em relações sexuais sem mútuo
entendimento, amor e um compromisso profundo de longo termo feito com nossas
famílias e amigos. Vendo que o corpo e a mente são um, estamos comprometidos a
aprender as maneiras apropriadas para cuidar de nossa energia sexual e cultivar
nosso cuidado amoroso, compaixão, alegria e inclusão para nossa própria
felicidade e a felicidade dos outros. Devemos estar atentos ao sofrimento
futuro que pode ser causado por relações sexuais. Sabemos que para preservar a
felicidade de nós mesmos e dos outros, precisamos respeitar os direitos e
compromissos conosco e com os outros. Faremos tudo dentro do nosso poder para
proteger as crianças de abusos sexuais e a proteger os casais e famílias de que
se perderem em má conduta sexual. Trataremos nossos corpos com compaixão e
respeito. Estamos determinados a olhar profundamente dentro dos Quatro
Nutrimentos e aprender maneiras de preservar e canalizar nossas energias vitais
(sexual, respiração, espírito) para a realização de nosso ideal bodhisattva.
Seremos totalmente conscientes da responsabilidade de trazer novas vidas a este
mundo e meditaremos sobre seus ambientes futuros.
Tradução
da versão espanhola praticada em Jiko-An (Centro Zen em Sierra Nevada, Espanha)
//////////
Compartilhado por Edvaldo Gonçalves.
http://www.joaomagalhaes.com/o-tao-do-reiki/2014/10/as-14-praticas-da-plena-consciencia-por-tich-nhat-hanh/#more-3058
(resumo das catorze práticas da plena consciência)
Segue resumo:
Não idolatrar
1. Não idolatrar nenhuma doutrina, teoria, seja ela qual for, incluindo o budismo. Os sistemas de pensamento budistas devem ser considerados como guias para a prática e não como a verdade absoluta.
A humildade perante o saber
2. Não pensar que se possui um saber imutável ou a verdade absoluta. Há que evitar a estreiteza da mente e o apego aos pontos de vista pessoais. Aprender a praticar a via do não apego de maneira a permanecer aberto aos pontos de vista dos outros. A verdade só pode ser encontrada na vida e não nos conceitos. Há que estar disponível para continuar a aprender ao longo de toda a vida e a observar a vida em si mesmo e no mundo.
Liberdade de perspectiva
3. Não forçar os outros, incluindo as crianças, a adoptar os nossos pontos de vista seja por que meios forem: autoridade, ameaça, dinheiro, propaganda ou educação. Respeitar as diferenças entre os seres humanos e a liberdade de opinião de cada qual. Saber, no entanto, utilizar o diálogo para ajudar a renunciar ao fanatismo e à estreiteza do espírito.
Não ocultar o sofrimento
4. Não evitar o contacto com o sofrimento nem fechar os olhos diante dele. Não perder a plena consciência sobre a existência do sofrimento no mundo. Encontrar meios de aproximação para com os que sofrem, seja mediante contactos pessoais, visitas, imagens, sons. Despertar e despertar os outros para a realidade do sofrimento no mundo.
Não viver apenas para proveito próprio
5. Não acumular dinheiro nem bens quando milhões de seres sofrem de fome. Não converter a glória, o proveito, a riqueza ou os prazeres sensuais na finalidade da vida. Viver simplesmente e partilhar o tempo, a energia e os recursos pessoais com os que necessitam.
Não manter a cólera e o ódio
6. Não conservar a cólera ou o ódio. Aprender a examinar e a transformar a cólera e o ódio quando ainda não são mais que sementes nas profundidades da consciência. Ao manifestar-se a cólera e o ódio, devemos focar a atenção na respiração e observar de modo penetrante a fim de ver e compreender a natureza desta cólera ou ódio, assim como a natureza das pessoas que se supõe serem a sua causa. Aprender a ver os seres com os olhos da compaixão.
Manter o foco no que é importante e no momento presente
7. Não se perder, deixando-se levar pela dispersão ou pelas circunstâncias envolventes. Praticar a respiração consciente e focar a atenção no que está a acontecer neste instante presente. Entrar em contacto com aquilo que é maravilhoso, pleno de vigor e de frescura. Semear em si mesmo sementes de paz, de alegria e de compreensão de maneira a favorecer o processo de transformação nas profundidades da consciência.
Não semear a discórdia, atenção nas palavras
8. Não pronunciar palavras que possam semear a discórdia e provocar a ruptura da comunidade. Mediante palavras serenas e de actos apaziguadores, fazer todos os esforços possíveis para reconciliar e resolver todos os conflitos, por pequenos que sejam.
Falar a verdade
9. Não dizer falsidades para preservar o interesse próprio ou para impressionar os outros. Não proferir palavras que semeiem a divisão e o ódio. Não difundir notícias sem ter a certeza de que são seguras. Falar sempre com honestidade e de maneira construtiva. Ter a coragem de dizer a verdade sobre as situações injustas mesmo que a nossa própria segurança fique ameaçada.
Não usar a comunidade para interesse pessoal
10. Não utilizar a comunidade religiosa para o interesse pessoal nem a transformar em partido político. A comunidade em que vivemos deve, contudo, tomar uma posição clara contra a opressão e a injustiça e esforçar-se por mudar a situação sem se envolver em conflitos partidários.
Não escolher profissões que possam prejudicar o próximo
11. Não exercer profissões que possam causar dano aos seres humanos ou à natureza. Não investir em companhias que explorem os seres humanos. Eleger uma ocupação que ajude a realizar o ideal próprio de vida com compaixão.
Não matar, não exercer violência
12. Não matar. Não deixar que outros matem. Utilizar todos os meios possíveis para proteger a vida e prevenir a guerra. Trabalhar para o estabelecimento da paz.
Não possuir nada de alheio
13. Não querer possuir nada que pertença a outrem. Respeitar os bens dos outros, mas impedir qualquer tentativa de enriquecimento à custa do sofrimento de outros seres vivos.
Respeitar o corpo
14. Não maltratar o corpo. Aprender a respeitá-lo. Não o considerar unicamente como um instrumento. Preservar as energias vitais (sexual, respiração e sistema nervoso) através da prática da Via. A expressão sexual não se justifica sem verdadeiro amor e sem compromisso. Em relação às relações sexuais, tomar consciência do sofrimento que podem causar no futuro a outras pessoas. Para assegurar a felicidade dos outros há que respeitar os seus direitos e compromissos. Estar plenamente consciente das suas próprias responsabilidades na hora de trazer ao mundo novos seres. Meditar sobre o mundo a que trazemos estes seres.
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